Um estudo recente da Revista Crescer mostra que as crianças que têm autocontrole, além do ganho emocional, também ganham na solidez de suas carreiras no futuro. Estas crianças serão adultos que tendem a passar 40% menos tempo desempregadas do que os adultos que não possuem esta característica. Ainda segundo o estudo, aplicado pela Associação de Ciência Psicológica do Reino Unido, as crianças com maior autocontrole conseguem se manter mais tempo concentradas, persistem em tarefas difíceis e conseguem driblar comportamentos inadequados com maior fluidez.
Isto se dá porque pessoas, incluindo aí as crianças, com capacidade aumentada de concentração, percebem com maior clareza o entorno e lidam melhor com limites e regras. Entendem, também, a repercussão de suas ações. Além disso, tendem a ser mais persistentes, independentes e autoconfiantes. A persistência é uma grande aliada para que as crianças alcancem com maior facilidade os seus objetivos.
E qual caminho devemos seguir, como pais, para que nossos filhos tenham maior autocontrole?
Sim, um caminho é que eles ouçam a palavra “não” e outro é que eles conheçam claramente seus limites. Quando impomos limites aos nossos filhos, criamos, também, oportunidades para que eles entrem em contato com frustrações e possam se estruturar em relação a estes limites, que podem e devem ser inseridos naturalmente no cotidiano de nossos filhos. Situações simples como horário para dormir, organização do material escolar, arrumação da própria cama, não ganhar o brinquedo tão desejado se ele já possui outros similares, dentre outros exemplos do cotidiano, são estímulos indiretos para que os nossos pequenos aprendam a lidar com organização, limites e frustrações em seu dia a dia. Ao contrário do que muitos de nós acreditamos, ouvir ‘não’ pode ser um saudável caminho para a construção ativa de muitos ‘sins’ no futuro.
Portanto, a inserção dos limites na vida de nossos filhos é muito saudável sob diversos aspectos e a estabilidade emocional no futuro é, talvez, o melhor de todos eles. Para nós, que fazemos o equilíbrio entre qualidade e quantidade do tempo dispensado aos nossos filhos e que temos a insegurança (justificada por sinal) se, ao final do dia de distância de nossos filhos cabe um ‘não’ para impor limites, podemos ficar mais tranquilos. Ouvir ‘nãos’, ditos de forma coerente e serena, pode trazer inúmeros benefícios para os nossos filhos. Eles não vão gostar menos de nós por isso. Muito pelo contrário: possivelmente nossos pequenos esperam que ocupemos o nosso papel paterno: de quem mostra caminhos e sinaliza direções. E isto, muitas vezes, significa permitir que nossos filhos lidem com frustrações. Faz parte da construção de sua identidade. E dói menos do que imaginamos.
Fonte deste Post: Revista Crescer