Outro dia conversava com uma mãe na porta da escola.

E ela me falava sobre sua angústia.

Estava feliz por poder, enfim, dedicar mais tempo aos filhos. Tinha se desligado de seu trabalho e estava realizando um antigo sonho: estar mais presente no cotidiano de seus filhos de modo geral, e especificamente no cotidiano escolar, que demandava um tempo que até então ela não tinha. Sonho realizado e uma mãe feliz, certo? Sim.

Talvez.

E o encantamento do mercado de trabalho? E a vivacidade do dia a dia? E a remuneração ao final do mês? E os projetos, os deslocamentos, os desafios, os encontros e os desencontros? Fragmentos de seu ‘eu’ que havia aberto mão e que, de certa forma, também a circundavam. Não somente pelo dinheiro, embora este tivesse um lugar privilegiado em suas reflexões, mas também porque o cotidiano colorido pela vivência doméstica também tem um preço alto a ser pago e o cansaço é parte deste desse desencanto.

E a parte mais delicada: não nos livraremos de experimentarmos esta angústia, fazendo a opção por um ou por outro caminho.

E aqui ficam algumas questões, alimentadas por recentes pesquisas sobre mães e mercado de trabalho.

Um delas, aplicada pela Catho, ouviu 53 mil mulheres em todo o país. A pesquisa mostra que, após a gravidez, 53% das mulheres deixam o mercado de trabalho. Este é um número surpreendente, e as razões são diversas, mas os dados apontam para as altas demandas advindas da maternidade, assim como o prazer de acompanhar seus filhos de perto. Destas mulheres, 18% delas nunca retornam às suas carreiras e 25% destas mulheres chegam a levar cerca de 2 anos para voltar à vida corporativa.

A parte mais boa: as mulheres, nesta busca por conciliar trabalho e vida familiar enocntraram, recentemente, um novo caminho: o caminho do empreendedorismo, seara largamente ocupada por homens, agora desbravada com determinação pelas mulheres. O Sebrae acaba de divulgar no seu  Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, que, entre o período de 2002 e 2012, o total de empreendedoras femininas cresce em todas as cinco regiões do País, com destaque para a região Norte do Brasil, que teve um crescimento de quase 80%.

Talvez, e só talvez, este seja um caminho que se mostra viável para atender a esta busca por conciliar os diversos papeis ocupados pelas mulheres em nossa sociedade. A ambiguidade estará sempre presente, até porque ela faz parte da nossa existência, mas talvez esta seja uma alternativa viável para pensarmos no assunto.

Por outro lado, uma outra pesquisa, igualmente surpreendente, aplicada pela Discovery Home & Health com 5,5 mil mulheres da Argentina, Colômbia, Brasil e México nos mostra um dado instigante. Participaram desta pesquisa 1.300 mulheres brasileira. E veja que interessante: 63% das mulheres que trabalham são felizes. E isto é muito bom! Neste grupo há mulheres com ou sem filhos. E em seguida a pesquisa faz um novo recorte e pergunta especificamente para mulheres que trabalham e têm filhos. E então, ela nos brinda com um novo dado: mostra que 67% das mulheres que têm filhos e trabalham são felizes.

O que isto quer dizer? Quer dizer muitas coisas, mas uma delas, que ilumina várias questões é que, apesar das inúmeras adversidades, trabalhar é fonte de prazer. E que, ter filhos e trabalhar é uma alternativa que, embora desgastante, ainda alimenta as mulheres com desafios que merecem ser enfrentados. E um destes desafios recai, novamente, para a nossa habilidade de conciliar papeis com equilíbrio e tranquilidade.